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Pandemia reduz em 54% os diagnósticos de câncer de próstata no Brasil

  Outros países também registraram queda; chance de cura chega a 90% com detecção precoce.   Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein   A pandemia reduziu em mais da metade o número de diagnósticos do câncer de próstata no Brasil. Até setembro deste ano, houve uma queda de 54% na detecção de novos casos em [...]

30/11/2022 08h00 Atualizado há 527 dias

Outros países também registraram queda; chance de cura chega a 90% com detecção precoce.

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

A pandemia reduziu em mais da metade o número de diagnósticos do câncer de próstata no Brasil. Até setembro deste ano, houve uma queda de 54% na detecção de novos casos em comparação com o mesmo período de 2019 – 31.850 contra 17.212, segundo dados do DataSUS analisados pelo urologista Leonardo Borges, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Esse número preocupa, de acordo com o especialista, já que são esperados 65 mil novos casos por ano de câncer de próstata, de acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca). O diagnóstico precoce é essencial para aumentar a chance de cura, que chega a 90%.

“Esse impacto, ao que tudo indica, foi um fenômeno global”, afirma Borges. Um estudo feito na Holanda, com estatísticas do Netherlands Cancer Registry (NCR), mostrou uma queda de 17% no número de diagnósticos no país durante a primeira onda da pandemia e uma associação estreita com as medidas de lockdown.

Já na Inglaterra, houve uma redução de 48,3% (6.247 contra 12.066) nos diagnósticos durante o primeiro período de isolamento devido ao coronavírus, entre 23 de março a 4 de julho de 2020. Embora a detecção da doença tenha aumentado após a diminuição das restrições nos anos seguintes, a redução geral durante os primeiros nos de pandemia foi de de 30,8% (22.419 contra 32.409).

O tratamento contra o câncer de próstata também foi impactado. O número de prostatectomias no Brasil caiu em 25% de 2019 para 2020 — passou de 80.775 para 59.438 procedimentos.

“Ao se comparar as cirurgias entre 2019 e 2021 no Brasil, a redução é de 17%, mais discreta, porém ainda presente”, informa Borges. Na Inglaterra, a queda nas operações foi de 26,9% entre março e dezembro de 2020.

“Desde o início da pandemia, especulava-se o impacto que o sistema de saúde sofreria em decorrência da demanda de atendimentos dos casos de Covid-19. Além disso, as medidas protetivas instituídas naturalmente comprometeram o acesso dos indivíduos aos serviços de saúde públicos e privados, afetando o tratamento de outras doenças neste período”, observa o especialista.

Um dos cânceres mais comuns entre os homens

O câncer de próstata é um dos mais frequentes nos homens, atrás apenas do de pele não melanoma. Como não costuma apresentar sintomas ainda na fase inicial, a Sociedade Brasileira de Urologia recomenda o rastreamento anual para todos os homens acima dos 50 anos.

Além disso, os pacientes que têm fatores de risco, como histórico familiar, devem começar o acompanhamento 5 anos antes, aos 45. O check-up inclui os exames de toque retal e a dosagem de PSA, uma proteína no sangue capaz de acusar o tumor. Diante de um resultado suspeito, é feita a biopsia da próstata.

“Por mais que esse câncer possa ser pouco agressivo e crescer lentamente, a desigualdade de acesso à saúde no país faz com que cerca de 20% dos casos sejam diagnosticados em estágios avançados, o que colabora para o aumento da mortalidade”, diz Borges.

O tratamento varia de acordo com o tipo de tumor, o estágio e o perfil do paciente. Alguns podem ser apenas monitorados com exames periódicos. Atualmente, as novas técnicas cirúrgicas reduzem muito a chance de complicações posteriores, como incontinência urinária e problemas de disfunção erétil.

Fonte: Agência Einstein

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