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Foto: Adam Nieścioruk, do Unsplash

Novas drogas para emagrecer aumentam possibilidades de tratamento contra obesidade: conheça

  Por Cristiane Bomfim, da Agência Einstein   A população brasileira está engordando. De 2006 para 2018, a porcentagem de pessoas acima do peso no País saltou de 11,8% para quase 20%. Mas, para tratar a obesidade, nem sempre a mudança de hábito – com alimentação adequada e inclusão de atividade física no dia a [...]

10/12/2019 09h10 Atualizado há 4 anos

Por Cristiane Bomfim, da Agência Einstein

A população brasileira está engordando. De 2006 para 2018, a porcentagem de pessoas acima do peso no País saltou de 11,8% para quase 20%. Mas, para tratar a obesidade, nem sempre a mudança de hábito – com alimentação adequada e inclusão de atividade física no dia a dia – é suficiente. Por ser uma doença crônica, assim como diabetes e hipertensão, ela precisa de acompanhamento médico e, em alguns casos, do uso de remédios. A liberação de novas drogas que ajudam no emagrecimento pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aumenta as possibilidades de tratamento e capacidade de atendimento, uma vez que eles estão cada vez mais seguros e com menos efeitos colaterais.

Na lista de medicamentos mais usados por quem precisa emagrecer estão o orlistate, a sibutramina, a liraglutida e, mais recentemente, a lorcaserina. No entanto, os médicos reforçam:  o uso sem acompanhamento médico oferece riscos à saúde. “A obesidade está relacionada com fatores genéticos, ambientais, comportamentais e culturais. Só um médico é capaz de fazer a avaliação do melhor tratamento levando em consideração o histórico de saúde, por exemplo”, afirma Mário Carra, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Outro alerta é não acreditar nas promessas milagrosas. “Não existe remédio milagroso capaz de emagrecer muito em pouco tempo sem contrapartida do paciente. A perda de peso sustentável requer os cuidados de um endocrinologista e de outros profissionais que vão ajudar o paciente a ter hábitos mais saudáveis e a lidarem com questões como ansiedade em longo prazo, como nutricionista e psicólogo”, afirma o endocrinologista Paulo Rosenbaum, do Hospital Israelita Albert Einstein.  O primeiro passo é o reconhecimento da doença e a procura de um especialista.

O uso dos medicamentos para emagrecer não é indicado para todos os pacientes. Sua indicação leva em conta o Índice de Massa Corporal (IMC), calculado pelo peso dividido pela altura ao quadrado. Apenas indivíduos com IMC entre 25 e 29,9 (sobrepeso) ou acima de 30 (obesidade) podem ser medicados se houver necessidade. “Eles não devem ser usados para ter o corpo em dia no verão ou para uma festa. São remédios e, se usados sem acompanhamento e sem mudança de hábito, irão favorecer o efeito sanfona, desencadeando outros problemas”, ressalta Rosenbaum. Por isso, ele lembra, é importante conhecer também o funcionamento de cada um:

Medicamento Funcionamento e contraindicações
Cloridrato de Sibutramina Em forma de cápsulas, foi inicialmente testada como antidepressivo. Atua no sistema nervoso central, especialmente nos neurotransmissores serotonina e noradrenalina. Ela provoca a sensação de saciedade e controle de fome.Efeitos Colaterais: aumenta a pressão e a frequência cardíaca. Pode causar prisão de ventre, irritabilidade e dor de cabeça. “Alguns estudos indicaram aumento das chances de infarto e outros problemas cardíacos por uso deste remédio. Como ele atua no sistema nervoso central, tem um efeito periférico de constrição dos vasos sanguíneos, aumentando a pressão e as chances de doenças coronárias”, explica Paulo Rosenbaum, do Einstein.Associado à uma boa alimentação e a prática de atividade física pode reduzir até 10% do peso.Contraindicações: idosos, pessoas com problemas psiquiátricos, no coração, pressão alta ou diabetes.Só é vendido com retenção de receita médica.
Lorcaserina Considerado um dos medicamentos mais seguros para emagrecer, após testes com 12 mil pacientes durante três anos, está disponível para venda no Brasil desde o início de 2019. É a evolução do medicamento fenfluramina, que foi retirado do mercado por causar problemas vasculares.Tem ação seletiva nos centros da fome e da saciedade. Ou seja: diminui a fome e torna mais duradora a sensação de saciedade com a vantagem de não oferecer riscos de problemas cardíacos por não alterar o funcionamento cognitivo do sistema nervoso central.“É um medicamento de ação menor, que age durante 12 horas. Por isso o paciente precisa tomar dois comprimidos ao dia. Sua vantagem é a segurança, pois não altera a pressão cardíaca, não oferece riscos ao coração e os resultados efetivos variam de 5% a 8% de perda de peso, quando seu uso está associado a hábitos saudáveis. Porém, o preço é mais alto”, afirma Mario Carra, da SBEM.Efeitos colaterais: cefaleia transitória no início do tratamento.Contraindicações: não é recomendado para uso por grávidas ou mulheres que planejam engravidar.
Liraglutida Disponível no formato de injeções subcutâneas para aplicação diária, o liraglutida é análogo ao hormônio GLP-1, produzido pelo corpo humano. Ele atua em órgãos diretamente ligados ao mecanismo da saciedade e é liberado toda vez que ingerimos algum alimento, determinando um tempo maior para a digestão, dando assim a sensação de saciedade prolongada e reduzindo o apetite. “É o que apresenta os melhores resultados em termos de redução de peso. O emagrecimento pode chegar em até 20% da massa. Porém, a dose eficaz muda de pessoa para pessoa. Além disso, seu uso exige aplicação de injeções”, explica Mario Carra, presidente da SBEM.Efeitos colaterais: Náuseas ou enjoos, vômito, azia e boca seca são os mais comuns.Contraindicações: o uso não é indicado para pessoas com alergia à liraglutida, crianças, adolescentes e mulheres grávidas ou lactantes.

 

 (Fonte: Agência Einstein)

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