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Crédito: Camila Cordeiro / Unsplash

Mulher com anorexia precisa de atenção especial na gravidez

Revisão de estudos traz recomendações sobre como tratar esse transtorno alimentar grave que oferece riscos para a mãe e o bebê se não for corretamente identificado   Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein   Enfrentar a anorexia durante a gravidez pode ser um desafio muito grande tanto para a mulher quanto para o médico, inclusive [...]

20/05/2022 08h00 Atualizado há 706 dias

Revisão de estudos traz recomendações sobre como tratar esse transtorno alimentar grave que oferece riscos para a mãe e o bebê se não for corretamente identificado

 

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

Enfrentar a anorexia durante a gravidez pode ser um desafio muito grande tanto para a mulher quanto para o médico, inclusive pela falta de diretrizes bem definidas. Agora, uma revisão recém-publicada no periódico científico The Lancet Psychiatry reúne recomendações para abordar essas pacientes de forma multidisciplinar, levando em conta todos os aspectos da doença.

Nesses casos, os autores ressaltam a importância, além do cuidado médico, do acompanhamento de nutricionista e de especialista em saúde mental. Isso porque trata-se de um transtorno alimentar grave que oferece riscos para a mãe e o bebê se não for corretamente identificado e cuidado.

Nas gestantes com anorexia, os riscos decorrem da baixa ingestão de calorias, de deficiências nutricionais e de vitaminas, estresse, jejum e baixa massa corporal, entre muitos outros – isso sem contar os impactos psicológicos, pois essas pacientes também sofrem mais de depressão e ansiedade. Daí a necessidade de um tratamento multidisciplinar, que envolva vários especialistas.

Considerada um distúrbio mental, a anorexia nervosa é mais comum em mulheres em idade reprodutiva – entre 12 e 51 anos – e é caracterizada pelo medo irracional de engordar mesmo estando com peso abaixo do ideal, o que leva a comportamentos como longos períodos de jejum, exercícios em excesso, vômitos voluntários e uso de medicamentos. As gestantes que sofrem desse mal têm mais chance de desfechos negativos na gravidez, entre eles bebês com baixo peso, parto prematuro e natimorto.

“Normalmente são pacientes que já sofriam do problema antes da gestação”, observa o ginecologista Rubens Gonçalves Filho, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Depende da sensibilidade do médico em conversar, escutar, para poder oferecer o melhor acompanhamento”, explica ele.

Gatilho para o distúrbio

A gravidez pode se tornar um estímulo para que a mulher possa cuidar melhor da sua saúde, mas também pode disparar gatilhos da doença pelas próprias exigências da gestação. Isso porque, segundo Gonçalves Filho, essa condição está totalmente ligada ao contexto psicológico da paciente. “Se for uma gravidez indesejada, por exemplo, a anorexia pode ser uma expressão de angústia”, observa. “Hoje há muita idealização da gravidez nas redes sociais e muitas vezes a mulher não está vivenciando essa etapa de forma tão positiva.” Nesses casos, torna-se mais difícil ainda lidar com questões que justamente envolvem peso e imagem corporal.

Se por um lado é recomendado que a gestante não ganhe peso em excesso, por outro ela também não pode ter nenhum comprometimento nutricional. “É preciso fazer o cálculo do IMC (índice de massa corporal) logo no início e fazer um acompanhamento nutricional adequado”, orienta o médico.

Essas pacientes também podem apresentar muitos vômitos, capazes de causar desidratação. Às vezes é preciso internação para evitar prejuízos à função renal, arritmias cardíacas, diminuição do líquido amniótico, entre outros – o que pode colocar a vida da mãe e do bebê em risco.

Por isso os cuidados com essas pacientes devem ir muito além do consultório do obstetra e não se encerram com o nascimento do bebê. “O foco deve ser muito mais do que só na saúde física, mas um olhar mais completo que ajude, inclusive, essa mulher a lidar também com o pós-parto”, finaliza o médico.

Fonte: Agência Einstein

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