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Estudo sugere que obesidade acelera declínio da resposta imune à vacina de Covid-19

Pesquisa demonstrou que as infecções de escape ocorreram mais cedo em pessoas com obesidade grave – com IMC maior do que 40; ainda assim a vacina é fundamental   Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein   A obesidade é uma das comorbidades que estão associadas ao desenvolvimento das formas graves de Covid-19, independente de outros [...]

03/08/2022 09h00 Atualizado há 604 dias

Pesquisa demonstrou que as infecções de escape ocorreram mais cedo em pessoas com obesidade grave – com IMC maior do que 40; ainda assim a vacina é fundamental

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein

A obesidade é uma das comorbidades que estão associadas ao desenvolvimento das formas graves de Covid-19, independente de outros fatores de risco – ao lado de diabetes, insuficiência cardíaca, doença renal crônica, entre outras. Agora, um novo estudo feito com mais de 3,5 milhões de pessoas sugere que a vacina contra a Covid-19 tem a eficácia dos anticorpos neutralizantes reduzida após 6 meses em pessoas com obesidade grave, aumentando os riscos de infecções de escape e ressaltando a necessidade de doses de reforço ou vacinação mais frequente entre essas pessoas.

O estudo foi feito pela Universidade de Edimburgo, na Escócia, e primeiramente avaliou a relação entre índice de massa corporal (IMC), hospitalização e mortalidade entre 3,5 milhões de pessoas (sendo cerca de 650 mil delas com obesidade). Aqueles com obesidade grave (IMC > 40 kg/m2) que estavam vacinados com ao menos duas doses foram significativamente mais propensos a serem hospitalizados ou morrerem de Covid-19 – e o risco aumentou com o tempo desde a vacinação.

Os pesquisadores então fizeram um estudo prospectivo da resposta imune em uma coorte clínica de pessoas vacinadas com obesidade grave. E constataram que, em comparação com as pessoas de peso normal, seis meses após a segunda dose da vacina, os anticorpos neutralizantes estavam reduzidos no público com obesidade grave ou moderada. Ainda segundo o estudo, a capacidade de neutralização foi restaurada por uma terceira dose de vacina, mas novamente diminuiu mais rapidamente em pessoas com obesidade grave.

O estudo demonstrou ainda que as infecções de escape ocorreram mais cedo quanto maior o grau de obesidade: cerca de 10 semanas após a segunda ou terceira dose da vacina em pessoas com obesidade grave; 15 semanas em pessoas obesas e 20 semanas naqueles com peso adequado. Segundo a pesquisa, a proteção da vacina diminuiu mais rapidamente à medida que o IMC aumentou.

Como a imunidade adquirida pela vacinação normalmente declina entre seis e nove meses após a segunda dose, muitos países optaram pela aplicação das doses de reforço, especialmente para os idosos e imunossuprimidos – inclusive o Brasil, que atualmente está vacinando a população com mais de 30 anos com a quarta dose da vacina contra o SARS-CoV-2.

“Sabemos que a obesidade é considerada como fator de risco para o desfecho desfavorável da Covid-19, possivelmente associada a algumas causas como estado pró inflamatório e desequilíbrio hormonal levando ao prejuízo da resposta celular, capacidade funcional pulmonar reduzida, alta carga viral e tempo prolongado de transmissão viral. E, por isso, reiteramos a importância da vacinação e dos reforços na população com fatores de risco para evolução desfavorável da doença, como os imunossuprimidos e idosos”, ressaltou a infectologista Priscilla Yoshiko Sawada, do Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia.

Vacinar é importante

Segundo Priscilla, o teste de anticorpos neutralizantes tem como objetivo analisar, de forma qualitativa (se há a presença) e quantitativa, os anticorpos responsáveis por impedir a ligação do vírus ao receptor das nossas células. “Apesar de o estudo demonstrar que houve redução maior dos anticorpos neutralizantes na população obesa de forma mais precoce comparada às demais, sabemos que um resultado considerado não reagente para anticorpos neutralizantes [abaixo do  limite estabelecido pelo laboratório] não necessariamente indica ausência de resposta à vacina, uma vez que os testes não são capazes de avaliar a função dos anticorpos existentes e também não se sabe o valor considerado ideal para proteção”, afirmou.

Vale ressaltar também que a resposta às vacinas não depende apenas da imunidade humoral (aquela dependente de anticorpos), mas também da imunidade celular (para o qual não dispomos de testes para análise). “Ainda assim, esse é um estudo interessante pois avalia de forma objetiva a durabilidade dos anticorpos pós vacinação”, completou.

Fonte: Agência Einstein

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