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Apenas 6% das mulheres fazem exames para monitorar saúde após implante de silicone, aponta estudo americano

Complicações são raras, mas qualquer sintoma deve ser investigado   Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein   Apenas 6% das mulheres americanas que colocam implantes de silicone fazem o acompanhamento com exames de ressonância magnética, como é recomendado pela FDA, agência reguladora dos Estados Unidos. Esse número é resultado de um estudo recém-publicado no periódico [...]

24/08/2022 08h00 Atualizado há 627 dias

Complicações são raras, mas qualquer sintoma deve ser investigado

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

Apenas 6% das mulheres americanas que colocam implantes de silicone fazem o acompanhamento com exames de ressonância magnética, como é recomendado pela FDA, agência reguladora dos Estados Unidos. Esse número é resultado de um estudo recém-publicado no periódico científico Plastic and Reconstructive Surgery, da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos.

De acordo com os autores, o dado demonstra uma baixa preocupação com o monitoramento de problemas como rupturas e contraturas, além da pouca aderência das pacientes às recomendações dos médicos.

Nos Estados Unidos, há regras bem definidas sobre como monitorar os implantes. Na época em que a pesquisa foi feita, a norma vigente – de 2006 – recomendava uma ressonância magnética após 3 anos da cirurgia e depois repetir o exame a cada dois anos. Em 2020, as recomendações mudaram: a revisão pode ser com ultrassom ou ressonância 5 ou 6 anos depois da colocação do implante, e, posteriormente, a cada 2 ou 3 anos.

Os autores queriam saber se essas mulheres faziam o acompanhamento adequado após a cirurgia. Para isso, fizeram uma enquete por telefone com 109 voluntárias que haviam se submetido a um implante entre 2011 e 2016, tanto por questões estéticas ou por reconstrução mamária após câncer, por exemplo.

Das pacientes ouvidas, 15% tinham feito uma ressonância em algum momento, mas apenas 6% faziam o exame seguindo as recomendações da FDA. Por outro lado, quase metade tinha passado por ultrassom ou mamografia por outras razões, normalmente para rastreamento do câncer.

No Brasil, não há uma recomendação formal dos órgãos responsáveis, nem uma diretriz de sociedades médicas. Mas há um certo consenso dos especialistas: pacientes com próteses mamárias deveriam fazer um acompanhamento clínico anual. Para quem está em idade de rastreamento do câncer, repetir o ultrassom todos os anos já deve ser parte da rotina. Caso haja alguma alteração no exame, pede-se a ressonância, que é a forma mais eficaz para apontar problemas na prótese.

“Em geral, na prática, a maioria das pacientes não faz um acompanhamento espontâneo, dedicado e específico”, observa o cirurgião plástico Dov Charles Goldenberg, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Mas a recomendação é realizá-lo. Além disso, para qualquer paciente, o mais importante é investigar qualquer sintoma”, enfatiza. Nesse caso, o ultrassom pode ser o primeiro exame e, depois, a ressonância magnética.

Isso faz sentido porque atualmente a chance de complicações é muito baixa. As próteses mais modernas são feitas para durar mais de dez anos: “por isso, não haveria muito sentido em recomendar um rastreamento de rotina com ressonância magnética na população geral, já que é algo muito caro”, explica Goldenberg.

No entanto, embora muito rara, a ruptura não costuma dar sintomas. Mesmo que isso ocorra, o gel usado atualmente tem algo grau de coesividade, o que impede que ele se espalhe pelo corpo. Nesses casos, a recomendação médica é que a prótese seja retirada e, se for do desejo da paciente, seja substituída por uma nova.

Já a contratura costuma dar sintomas como dor, rigidez e mudanças no formato das mamas. Também rara, algo entre 1% e 3% dos casos, ela ocorre quando o organismo forma uma espécie de cicatriz mais espessa em volta da prótese, que a comprime. O problema pode acontecer devido a uma inflamação e/ou uma irritação causadas durante o procedimento, ou aparecer tardiamente, quando há uma ruptura e o silicone entra em contato com o organismo, por exemplo. O tratamento varia de acordo com o grau, podendo incluir uma cirurgia.

Fonte: Agência Einstein

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