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Foto: katemangostar

Você sabe para que serve o assoalho pélvico e porque é importante exercícios de fortalecimento?

O que é o Assoalho Pélvico? Exercitar essa área do corpo ajuda na sustentação da bexiga, útero, intestino e próstata no caso dos homens e consequentemente reduz a chance de infecções nessa região.

24/01/2020 09h10 Atualizado há 4 anos

Por Cristiane Bomfim, da Agência Einstein

 

Você vai para a academia, faz exercícios para fortalecer os músculos do abdômen, das pernas, glúteos e braços. Mas esquece ou não sabe que outros músculos, localizados na região da pelve, também precisam desse cuidado. E o motivo não tem nada a ver com estética: é manter firmes os músculos e ligamentos do assoalho pélvico, que dão sustentação a órgãos como bexiga, útero, intestino, e – no caso dos homens – a próstata, evitando a incontinência urinária e a queda desses órgãos dentro do espaço abdominal.

Localizado na região entre ânus e genitais, o assoalho pélvico é formado por músculos, ligamentos e fáscias (tecidos finos com pouca elasticidade que, nas mulheres, recobrem e protegem internamente a vagina, compondo o anel pericervical que vai do colo do útero à bexiga). “Podemos dizer que é uma rede de sustentação, como se fosse um piso mesmo, que precisa ser fortalecida para manter os órgãos no lugar porque a pressão nessa área do corpo é grande”, afirma Lilian Fiorelli, médica ginecologista do Hospital Israelita Albert Einstein. Este conjunto é integrado ainda pelos esfíncteres, estruturas que contraem e relaxam para permitir a passagem da urina e das fezes.

Assoalho pélvico flácido ou não fortalecido pode resultar em problemas de saúde como incontinências urinária e fecal, bexiga posicionada abaixo de onde deveria (bexiga caída) e, em casos de gestantes, lacerações perineais. Ou seja, rasgos superficiais ou profundos na área entre a vagina e o ânus no momento do parto. Estudos mostram que o prolapso – queda dos órgãos pélvicos a partir de sua posição normal – afeta pelo menos 30% das mulheres e que 40% da população feminina terão, em algum momento da vida, incontinência urinária. “Destas pacientes, 14% precisarão de alguma intervenção cirúrgica. São números muito altos e preocupantes. Perder xixi involuntariamente em qualquer quantidade não é normal”, diz a ginecologista Lilian. Ela explica ainda que há três grupos de risco para enfraquecimento desta estrutura:

  • Aumento do peso na barriga – Pode ser causado por obesidade, gestação, gestação gemelar, bebês com 4 quilos ou mais no momento do parto (independentemente da idade gestacional) ou prática de exercícios intensos que causam pressão na área abdominal e exigem contração muscular forte (como halterofilismo e crossfit, por exemplo). Este peso acaba empurrando para baixo os órgãos pélvicos (bexiga, útero, intestino e órgãos sexuais)
  • Traumas – Parto normal, acidentes (fratura na bacia, por exemplo) podem causar lesões na trama da região pélvica
  • Deficiência de colágeno (proteína que dá firmeza à pele e outras estruturas do corpo) – A redução pode estar relacionada a fatores genéticos, tabagismo e menopausa. A produção diminui naturalmente com o passar dos anos, especialmente nas mulheres após a menopausa.

Falar sobre fortalecimento do assoalho pélvico ainda é um tabu entre as mulheres. Um dos motivos é que, ainda hoje, elas desconhecem a importância dessa malha de sustentação e não associam problemas como a incontinência à flacidez da estrutura. “Além disso, elas não sabem exatamente essa estrutura está localizada e como exercitá-la”, explica Andreia Oliveira, fisioterapeuta do Einstein. Embora o exercício mais simples seja a contração do períneo, a profissional conta que é comum, em seu consultório, boa parte das mulheres não conseguirem acionar esta área. “Elas contraem os músculos das coxas, do ânus, da barriga, menos o períneo”, diz.

Para a ginecologista Lilian Fiorelli, o primeiro passo é a consciência da musculatura. “Este é um assunto que deveria ser tratado entre médico e paciente já nas primeiras consultas ginecológicas. O autoconhecimento é muito importante”. Em casa, o toque e o uso de um espelho podem ajudar. Colocar um dedo dentro da vagina e fazer a contração permite a percepção da área.

“No consultório, o toque e a observação nos ajudam a saber se a paciente tem esta noção de períneo, além sabermos se musculatura está fortalecida”, explica a médica. “Depois disso, recomendamos os exercícios mais indicados para cada paciente.” O mais básico consiste em três séries de 15 repetições de contração por cinco segundos e relaxamento do músculo. A recomendação é sempre procurar um médico ou fisioterapeuta para a orientação sobre exercícios.

“Depois da minha gravidez e com o passar dos anos, comecei a notar que perdia algumas gotinhas de xixi quando malhava ou quando ria muito. Achava que era coisa da idade e não me sentia à vontade para dizer isso”, conta a secretária Letícia Bertholdo, de 41 anos. Para evitar situações constrangedoras, ela passou a usar absorvente diariamente e retardou a procura de um especialista até perceber o aumento do volume de urina. “Falei para o meu ginecologista e fui encaminhada ao fisioterapeuta. Faço exercícios diariamente e agora já me sinto mais segurança”, conta.

Para ficar atento

Lacerações vaginais: são cortes na pele ou nos músculos ao redor da abertura vaginal e ocorrem, normalmente, no períneo. A principal causa tem relação com o parto vaginal e com o não preparo desta área para se estender e contrair no momento da passagem do bebê. Por isso, médicos e fisioterapeutas recomendam exercícios na musculatura durante a gravidez

Incontinência urinária: a primeira coisa a entender é que não é normal perder urina ao fazer esforço físico, dar risada ou tossir. A perda involuntária de urina – mesmo que seja uma única gota – é, sim, incontinência urinária

Incontinência urinária acomete mais as mulheres: uma das explicações é a constituição do corpo feminino, que possui duas aberturas – o hiato retal e o hiato vaginal – enquanto homens têm apenas o hiato retal. Isso torna o assoalho pélvico feminino mais delicado.

A vergonha feminina em assumir que tem o problema é a principal dificuldade para diagnóstico e fortalecimento da região do assoalho pélvico. “Elas, muitas vezes, associam a incontinência urinária ao volume de muito xixi perdido e à idade. Por isso, vão adiando a busca por ajuda de profissionais”, afirma Andreia Oliveira.

 

(fonte: Agência Einstein)

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