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Vacinação reduz risco de doenças infecciosas e mortalidade em bebês prematuros

Calendário segue idade cronológica e deve ser respeitado por pais e médicos

05/11/2020 09h05 Atualizado há 3 anos

Por Cristiane Bomfim, da Agência Einstein

Considerada um dos meios mais eficazes para combate de doenças infecciosas, a vacinação é uma importante ferramenta para a saúde e redução de mortes nos primeiros anos de vida entre bebês que nasceram prematuros. Isso porque, quanto menor a idade gestacional menos desenvolvido é o sistema imunológico ao nascer. Bebês que nascem com menos de 28 semanas de gestação, por exemplo, têm risco 5 a 10 vezes maior de contrair um processo infeccioso. Mesmo assim, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), as taxas de atraso vacinal no Brasil neste grupo variam de 30% a 70%, com tempo médio de atraso entre 6 a 40 semanas.

De acordo com documento publicado pela SBP com orientações para pediatras e neonatologistas, um dos principais motivos para adiamento ou atraso da vacinação de pretermos é a falta de conhecimento sobre o funcionamento da resposta imunológica nestes recém-nascidos. As vacinas estimulam a imunidade específica dos bebês, que é exercida pelos anticorpos. “Apesar de terem uma resposta imunológica mais imatura em relação ao bebê de termo, geralmente os prematuros respondem bem às vacinas, dose e intervalos”, explica Vitor Nudelman, pediatra e imunologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

A vacinação de prematuros segue o mesmo calendário dos bebês nascidos a termo. A exceção fica por conta da vacina BCG-ID, que só deve ser dada após o recém-nascido atingir 2 Kg. Além disso, pretermos devem tomar uma dose de reforço a mais da vacina para Hepatite B, um mês após a primeira dose, seguindo o esquema 0 – 1 – 2 e 6 meses.

Reações adversas

 

De acordo com SBP não há contraindicações para vacinação de prematuros, desde que eles não estejam em condições clínicas instáveis ou com algum processo infeccioso em curso, mas é importante acompanhar o bebê de perto no momento e nas horas seguintes à imunização para tratamento de eventuais reações adversas.

Há descrições médicas que mostram que a aplicação da vacina tríplice bacteriana de células inteiras (que protege contra coqueluche, difteria e tétano) em prematuros com idade gestacional menor que 31 semanas está associada ao aumento de episódios de apneia e convulsões. “Por isso, a recomendação é que prematuros recebam preferencialmente vacina tríplice acelular, que é produzida com proteínas e não com células inteiras e oferece menos reações adversas”, diz Nuldeman.

Para a vacina pentavalente (que protege contra difteria, tétano, coqueluche, Poliomelite e Haemophilus e influenzae tipo B) administradas em prematuros com 2 meses idade cronológica, foram registrados eventos cardiorrespiratórios após a aplicação, como diminuição da frequência cardíaca e apneia com percentuais que variam de 11% a 47% de acordo com o tempo gestacional. “Estratégias como o uso de anti-inflamatórios não hormonais, como a administração de ibuprofeno, trinta minutos antes da vacinação, parecem diminuir o número de eventos cardiorrespiratórios relacionados à vacina pentavalente”, orienta o médico.

Fatores que aumentam as chances de doenças infecciosas em prematuros:

  • A própria causa de nascimento pretermo, infecção urinária e outras doenças infecciosas maternas;
  • Vias aéreas de menor calibre, que os tornam mais vulneráveis às infecções respiratórias;
  • Menor reserva energética;
  • Desmame precoce;
  • Infecções frequentes;
  • Doença pulmonar crônica da prematuridade;
  • Necessidade de cateteres e punções frequentes;
  • Internação prolongada;
  • Anemia;
  • Uso frequente de corticosteroides; e
  • Uso de hemoderivados e transfusões

(Fonte: Agência Einstein)

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