Uso de testosterona em mulheres avança sem respaldo clínico
Reposição só é indicada quando há perda persistente de libido na pós-menopausa e médicos alertam para efeitos adversos, desinformação e dificuldades nos exames
Por Marília Marasciulo, da Agência Einstein
A pressão estética, a promessa de vitalidade e a enxurrada de conteúdo sobre hormônios nas redes sociais têm levado mais mulheres a buscar terapia de reposição de testosterona. Não há dados atualizados sobre o aumento dessa procura — até porque não existem formulações aprovadas para uso feminino —, mas a tendência preocupa entidades médicas.
Em maio de 2025, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e o Departamento de Cardiologia da Mulher da Sociedade Brasileira de Cardiologia emitiram um alerta conjunto: a única indicação reconhecida para o uso terapêutico da testosterona em mulheres é o tratamento do transtorno do desejo sexual hipoativo (TDSH) na pós-menopausa. “Muitas mulheres recorrem à testosterona em busca de benefícios como emagrecimento, aumento de massa magra, melhora do humor e da vitalidade, mesmo sem deficiência androgênica comprovada ou indicação formal respaldada por evidências científicas”, afirma à Agência Einstein o endocrinologista Felipe Henning Gaia Duarte, presidente da SBEM-SP.