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O oxímetro pode ajudar na avaliação de pacientes com Covid-19, segundo pesquisa

Trazemos uma pesquisa que avaliou o potencial desse aparelho frente ao coronavírus e conversamos com um especialista sobre o assunto

06/09/2021 11h06 Atualizado há 2 anos

Trazemos uma pesquisa que avaliou o potencial desse aparelho frente ao coronavírus e conversamos com um especialista sobre o assunto

 

Por Alexandre Raith, da Agência Einstein

Há pacientes com Covid-19 que, embora já apresentem uma queda preocupante no nível de oxigênio no sangue, não manifestam sintomas claros de insuficiência respiratória. Esse fenômeno é chamado de hipóxia silenciosa, e pode adiar o diagnóstico da doença, o que contribui para o aumento de complicações e mortes. Para reduzir esse risco, muitos profissionais têm recomendado o uso do oxímetro por pacientes infectados pelo coronavírus.

E, segundo um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), esse aparelho portátil que mede a oxigenação do sangue é realmente útil para o monitoramento do quadro. O trabalho, feito em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, recorreu a equipes de 12 Unidades Básicas de Saúde (UBS) dessa cidade. Elas usaram o oxímetro para acompanhar 1 297 idosos com suspeita de Covid-19, mas sem falta de ar no início. No total, foram 9 023 mensurações feitas por esses profissionais, principalmente nas casas dos pacientes.

Com esse acompanhamento, apenas 1% dos idosos morreram, um índice considerado positivo para esse subgrupo da população. Cerca de 3% foram internados e 12,5% foram enviados para o pronto-socorro.

No artigo, os estudiosos concluem que a medição por oxímetro pode servir como um instrumento de vigilância de pacientes com Covid-19. No entanto, é importante destacar que a pesquisa ainda não foi avaliada por pares — o que demanda uma dose adicional de cautela com a interpretação de seus resultados.

Entrevista

Para saber mais sobre os potenciais usos do oxímetro, a Agência Einstein conversou com o infectologista Helio Bacha, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Confira a entrevista a seguir:

Agência Einstein: Qual é a importância do oxímetro em pacientes com covid-19?

Helio Bacha: O dispositivo é muito útil, porque na segunda semana após a infecção cerca de 10% dos casos se complicam. Medir a saturação de oxigênio no sangue é a melhor forma de detectar se o paciente apresenta a hipóxia silenciosa. Essa avaliação faz com que possamos manter o acompanhamento ambulatorial, sem necessidade de internação na maior parte dos casos.

Em quais situações o oxímetro deve ser usado?

A recomendação é utilizar em todas os infectados com o Sars-CoV-2, independentemente da presença ou não de comorbidades. Mas a medição deve ser realizada junto com o acompanhamento das variações dos sintomas, para monitorar uma possível piora rápida do quadro.

Como ler e analisar os resultados da medição?

A medição deve ser realizada duas vezes ao dia, sendo a primeira preferencialmente pela manhã, com a pessoa sentada ou em pé. Mas o oxímetro não pode ser uma alternativa ao médico. Ele é um complemento, até porque a oximetria varia conforme a condição clínica do paciente. Doenças pulmonares crônicas, insuficiência cardíaca e tabagismo, por exemplo, influenciam na saturação de oxigênio no sangue, e devem ser levadas em conta para evitar decisões equivocadas.

A medição pode ser feita pelo paciente em casa?

A interpretação deve ser feita sempre por um profissional da saúde, sobretudo no acompanhamento daqueles em maior riscos, como idosos. Já a leitura pode ser realizada pelo paciente após um treinamento. A maior parte está habilitada a fazer isso com autonomia, mas sempre com auxílio médico.

(Fonte: Agência Einstein)

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