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Número consultas dos homens na urologia do SUS é 6 vezes menor do que o atendimento das mulheres na ginecologia

Levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia, com base nos dados do Ministério da Saúde, chama a atenção da importância de falar sobre a saúde do homem.

13/09/2022 08h00 Atualizado há 361 dias

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein

Um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) com dados do Sistema de Informação Ambulatorial Ministério da Saúde reforça que as mulheres cuidam mais da saúde do que os homens: os dados apontam que somente em 2022 foram registradas mais de 1,2 milhão de atendimentos femininos por médicos ginecologistas no Sistema Único de Saúde (SUS), contra apenas 200 mil atendimentos de homens pelo urologista – um número seis vezes menor.

Se por um lado as mulheres começam as consultas de rotina com o ginecologista ainda na puberdade, o que explicaria a diferença nos números de atendimentos, por outro, é importante orientar que os homens também procurem o médico urologista a partir da adolescência. Não à toa, a SBU tem uma campanha desde 2018 com o tema “Vem para o Uro”, com o objetivo de estimular o acompanhamento da saúde dos jovens.

“Ainda existe um tabu muito grande em não procurarem o urologista porque a consulta é associada sempre ao exame da próstata. A gente precisa desvincular isso. O urologista deve ser o médico de referência do homem, não só para questões de próstata, cálculos urinários ou questões sexuais. Ele deve ser o médico de confiança para a saúde como um todo”, diz Leonardo Borges, urologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

Borges ressalta que o urologista tem um leque de doenças que pode tratar na população masculina – lembrando que o especialista também cuida de alguns problemas femininos.

Segundo o médico, existem pelo menos quatro momentos em que o homem deveria passar por uma consulta urológica de rotina:

  • Bebê: para avaliar possíveis infecções, um testículo não descido, ou fimose;
  • Adolescência: para tirar dúvidas sobre questões sexuais e doenças infectocontagiosas;
  • Adulto jovem: para tratar questões de fertilidade, cálculos renais, disfunção erétil e problemas de ansiedade;
  • A partir dos 45 anos: para cuidar da saúde como um todo.

“A mãe tem o costume de levar a menina para uma consulta com o ginecologista assim que ela tem a primeira menstruação. A partir daí, ela cria esse hábito de passar por um check-up desde a juventude. Por que não fazer isso também com os meninos? O homem geralmente só procura um urologista quando tem algo de errado acontecendo ou quando passou dos 50 anos e precisa cuidar da próstata”, diz Borges.

Prevenção de doenças

A importância da visita ao urologista é especialmente para a prevenção dos tumores de próstata (em torno de 65 mil novos casos por ano, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer) e de bexiga (em torno de 7.500 novos casos por ano), que é o segundo tumor mais frequente na urologia e que acomete três vezes mais os homens do que as mulheres.

Segundo Borges, o câncer de bexiga está muito relacionado com o tabagismo (cerca de 70% dos pacientes são fumantes), mas ele pode ser identificado e tratado precocemente.

“Se a pessoa observar qualquer alteração na urina, especialmente a presença de sangue, deve procurar um urologista”, alertou o médico. Se descoberto precocemente, as chances de cura são grandes. Mas se houver invasão da parede da bexiga, o tratamento é mais complexo e invasivo.

Além dos cânceres de próstata e bexiga, outros problemas costumam atingir o sexo masculino, como câncer de testículo, câncer de pênis, além da hiperplasia prostática benigna (um aumento da próstata que acomete cerca de 50% dos homens acima de 50 anos) e a disfunção erétil (no Brasil, a prevalência é de cerca de 50% após os 40 anos, algo em torno de 16 milhões de homens, segundo a SBU).

Fonte: Agência Einstein

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