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Norovírus: entenda como ocorre a infecção que já causou diarreia em mais de 5 mil pessoas em SC

Em 1 mês, número de casos em Florianópolis é 6 vezes maior do que em 2022 inteiro; vírus é transmitido por meio de alimentos ou água contaminados, ou também pelo contato com pessoas infectadas

01/02/2023 08h00 Atualizado há 431 dias

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein

O estado de Santa Catarina está vivendo uma epidemia de casos de diarreia neste verão causada pelo norovírus – um tipo de vírus altamente transmissível que desencadeia uma série de condições gastrointestinais, entre elas, a diarreia. Segundo a Prefeitura de Florianópolis, que foi a primeira cidade chamar a atenção para o aumento de casos, somente em janeiro deste ano 5.184 pessoas procuraram os postos de pronto-atendimento relatando sintomas – seis vezes mais do que no ano passado inteiro, quando o município registrou 724 casos de doenças diarreicas agudas (DDA).

Ao perceber o aumento de casos, o município enviou amostras de fezes para análise no Laboratório de Virologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e os resultados preliminares, divulgados na semana passada, mostraram que o norovírus estava presente em 63% das amostras. O resultado final ainda não foi concluído, mas a prefeitura já considera que a cidade vive uma epidemia de norovírus.

A epidemia não se restringe a Florianópolis. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, mais nove cidades litorâneas declararam aumento no número de casos de DDA: Piçarras, Barra Velha, Penha, Navegantes, Porto Belo, Balneário Camboriú, Itapema, Bombinhas e Governador Celso Ramos. Todas elas foram incluídas numa força-tarefa para ampliar o número de amostras de água de rios e do mar e também para análise da das condições de balneabilidade das praias catarinenses. Além disso, serão analisadas também as fezes dos pacientes.

As amostras coletadas estão sendo enviadas para o Laboratório Central de Saúde (Lacen) para confirmação do agente causador da diarreia – além do norovírus, o laboratório ainda investiga a presença do rotavírus, adenovírus e hepatite A. A identificação do agente causador é fundamental para a tomada de medidas de saúde pública. As análises das amostras ainda não foram concluídas – o estado de SC deve divulgar um boletim completo na sexta-feira (3).

Mas o que é o norovírus?

O norovírus é um vírus transmitido por via oral-fecal por meio da água ou alimentos contaminados, ou ainda através do contato com pessoas que estejam infectadas. Ele tem uma alta capacidade infecciosa e é capaz de permanecer em superfícies nas quais a pessoa teve contato – o que facilita a transmissão.

A infecção pelo norovírus causa uma gastroenterite e tem como principais sintomas diarreia intensa, vômito e febre algumas vezes. “O norovírus é apenas mais um vírus da classe que causa diarreias. Mas, em geral, ele causa quadros leves. É diferente do rotavírus, que costuma causar quadros mais graves e é mais preocupante”, afirmou o infectologista pediátrico Alfredo Elias Giglio, do Hospital Israelita Albert Einstein. Apesar de os casos serem geralmente leves, os grupos de maior risco como crianças e idosos podem ter sintomas agravados, principalmente desidratação

O acúmulo de pessoas (em ambientes fechados como cruzeiros marítimos) ou na praia nesse período de altas temperaturas são fatores que facilitam a transmissão. Segundo Giglio, o simples fato de uma pessoa tomar banho de mar numa água que esteja contaminada é o suficiente para se infectar. “Para se contaminar, não precisa necessariamente beber a água”, alertou o médico.

O tratamento costuma ser clínico, sendo recomendado o repouso e a ingestão de líquidos para aliviar os sintomas e evitar a desidratação, além de analgésico ou antitérmicos para reduzir febre ou dores, se necessário. Em casos mais graves é recomendada a internação para receber soro e medicação na veia. Em Florianópolis não houve nenhum caso de internação, apenas algumas horas de observação com soro venoso.

Surtos têm notificação compulsória

Em nota, o Ministério da Saúde informou que a notificação de casos individuais de norovírus não está contemplada na lista nacional de doenças de notificação. No entanto, surtos de doenças de transmissão hídrica e alimentar, de qualquer natureza, são de notificação compulsória – e nesse caso estão incluídos os surtos de norovírus.

Ainda segundo o Ministério, até o momento não há outros surtos causados por norovírus no Brasil. E, segundo Gilio, é pouco provável que o surto se dissemine para outras regiões. “Os surtos costumam ser mais pontuais, naqueles locais com aglomeração naquele momento”.

As orientações de prevenção incluem cuidados básicos de higiene. Entre eles, estão:

⦁ Lavar as mãos com água e sabão ou solução antisséptica;
⦁ Beber água tratada acondicionada em embalagens lacradas ou de fonte segura;
⦁ Evitar adicionar gelo de procedência desconhecida às bebidas;
⦁ Avaliar se os alimentos foram bem cozidos, fritos ou assados;
⦁ Evitar frutas e verduras descascadas ou com a casca danificada;
⦁ Evitar o consumo de alimentos vendidos por ambulantes não credenciados;
⦁ Alimentos embalados devem conter no rótulo a identificação do produtor e data de validade, e a embalagem deve estar íntegra;
⦁ Não se banhar ou frequentar a areia em praias consideradas impróprias para o banho;
⦁ Não se banhar ou frequentar a areia em regiões próximas a saídas de rios ou córregos;
⦁ Não consumir água do mar, com redobrada atenção com as crianças e idosos, que são mais sensíveis e menos imunes do que os adultos;
⦁ Usar equipamentos de proteção individual (EPI) ao manipular resíduos sólidos e higienizar banheiros públicos;
⦁ Seguir as boas práticas de manipulação de alimentos.

Fonte: Agência Einstein

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