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Manter ansiedade sob controle pode reduzir risco de perda cognitiva

Resultados de um novo estudo não são conclusivos, mas reforçam a necessidade de tratar doenças mentais para melhorar a qualidade de vida na velhice.

21/03/2023 09h00 Atualizado há 332 dias

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

Tratar os sintomas de ansiedade com psicoterapia pode ajudar a reduzir o risco de desenvolver demência na velhice, sugere um novo estudo publicado no The Lancet. Os resultados ainda não são conclusivos, mas sugerem uma associação entre melhora de qualquer tipo de transtorno de ansiedade com uma menor chance de desenvolver Alzheimer e/ou perda cognitiva, que é quando o paciente não consegue mais fazer as atividades básicas do seu dia a dia.

Já faz algum tempo que, com o crescimento dos casos de demência, pesquisadores vêm se debruçando sobre possíveis fatores de risco, inclusive buscando uma relação com as doenças mentais. No caso da depressão, essa associação já está bem estabelecida e agora o objetivo é entender os impactos da ansiedade neste quadro.

Os pesquisadores colheram informações de diversas bases do sistema de saúde britânico e cruzaram dados de quase 130 mil pacientes que passaram por serviços de psicoterapia e que tinham algum distúrbio de ansiedade. Foram avaliados apenas aqueles com mais de 65 anos, atendidos entre os anos de 2012 e 2019, que não tinham diagnóstico de demência inicialmente. Ao fim do período, aqueles que apresentaram uma melhora nos quadros de ansiedade tiveram menos risco de desenvolver perda cognitiva.

“Este é um estudo interessante que tenta jogar luz sobre essa relação, mas ainda não sabemos se há uma relação causal”, diz a geriatra Ana Cristina Canêdo, da diretoria da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

Alguns fatores, como os biológicos e até o estilo de vida, poderiam explicar essa associação. “A ansiedade tem uma carga de estresse e faz o organismo liberar cortisol, o que traz efeitos negativos no hipocampo, região do cérebro ligada à memória”, explica a especialista.

Mas os próprios autores reconhecem que o estudo tem várias limitações e ainda não é possível estabelecer um elo causal entre os dois. Algumas informações não estavam disponíveis nas bases analisadas e podem enviesar os resultados, como nível de educação, risco genético, história familiar, patologias vasculares e uso de remédios psicotrópicos. Além disso, sabe-se que alguns transtornos comportamentais leves, que poderiam ser confundidos com sintomas de ansiedade, podem ser marcadores precoces de demência quando aparecem na faixa dos 50 anos.

“Mas, na dúvida, a gente precisa sempre tratar os transtornos de saúde mental. A ansiedade é menos diagnosticada e tratada do que a depressão e deve ser rastreada, prevenida e tratada”, orienta a médica.

Fique atento aos sinais de alerta

A pessoa que sofre de ansiedade normalmente é taxada de nervosa ou estressada. Mas quando isso começa a prejudicar a sua vida diária, causando perda funcional e dificuldades no trabalho e nas relações, é hora de procurar ajuda. Medos excessivos ou pânico podem causar angústia a ponto de impedir a pessoa de fazer o que ela precisa, como sair de casa ou conviver com outras pessoas.

Fonte: Agência Einstein

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