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Falhas na segurança do paciente geram milhares de mortes e prejuízo de bilhões de dólares no mundo, alerta OMS

Entidade lança campanha global de conscientização sobre o problema visando a redução das taxas alarmantes

20/09/2019 13h45 Atualizado há 4 anos

Por Fábio de Oliveira, da Agência Einstein

 

Em meio às efemérides que pululam no calendário, uma mereceu atenção especial esta semana. Estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), 17 de setembro se tornou o Dia Mundial da Segurança do Paciente. Os números sobre o tema divulgados pela campanha da OMS são eloquentes: a ocorrência de problemas devido a um atendimento realizado sem a devida segurança provavelmente é uma das 10 principais causas de morte e incapacidade no mundo. Não se sabe com precisão por causa da dificuldade dos órgãos responsáveis em receber e notificar os eventos.

Nos países de alta renda, estima-se que um em cada 10 pacientes sofra algum tipo de dano ao receber cuidados hospitalares. Isso pode ser causado por uma variedade de situações desfavoráveis, sendo que cerca de 50% delas são preveníveis. Entre elas, estão infecção hospitalar, lesões na pele provocadas devido ao tempo que paciente fica na cama e tromboembolismo (quando coágulos interrompem a circulação sanguínea).

Já nos países de renda baixa e média, 134 milhões de eventos adversos ocorrem em hospitais devido a procedimentos inseguros, o que resulta em 2,6 milhões de mortes. Além disso, globalmente, 4 em cada 10 pacientes sofrem algum prejuízo à saúde em postos de saúde (atenção primária) ou no atendimento ambulatorial – até 80% desses casos podem ser evitados. Nas instituições com menos recursos, é maior a taxa de diagnósticos incorretos e de erro na prescrição e no uso do medicamento. Somente este tipo de evento gera uma despesa de US$ 42 bilhões anualmente. Esse montante equivaleria a 1% de todas as despesas de saúde do mundo, segundo a OMS.

No Brasil, um estudo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) realizado com a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) contabilizou que falhas na assistência ou afins estão entre a primeira e a quinta causas de óbito no país. De 104 mil a 434 mil mortes estariam associadas a esse tipo de evento no ambiente hospitalar. O custo bateria na casa dos R$ 15 bilhões para o sistema de saúde.

Como se vê, quando precauções básicas de proteção não são tomadas, sofre o paciente e toda a estrutura de saúde. Portanto, nada mais compreensível do que o alerta da OMS e o dia dedicado somente ao tema. “Ninguém deve ser prejudicado ao receber cuidados de saúde. No entanto, globalmente pelo menos 5 pacientes morrem a cada minuto por causa de procedimentos inseguros”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.  “Precisamos de uma cultura de segurança do paciente que promova a parceria com os pacientes, incentive a comunicação e a aprendizagem com os erros e crie um ambiente livre de culpa, onde os profissionais de saúde são capacitados e treinados para reduzir os erros”, afirma. “A adoção de boas práticas e de processos bem desenhados deve ser usada para diminuir ao máximo os riscos à saúde”, concorda Fernanda Paulino Fernandes, gerente de Qualidade e Segurança do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Abaixo, confira as medidas que pacientes e profissionais de saúde devem tomar para evitar erros.

Para pacientes, família ou cuidadores

 

  • Envolva-se ativamente no cuidado e participe das decisões sobre o tratamento de saúde;
  • Comunique-se com clareza: forneça informações precisas sobre seu histórico de saúde e medicamentos em uso, faça perguntas e tire suas dúvidas;
  • Informe-se sobre os riscos, benefícios e alternativas de tratamento para o seu problema de saúde;
  • Utilize serviços que se preocupam com qualidade e segurança. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), por exemplo, tem uma lista com acreditação máxima no site www.ans.gov.br

Para profissionais de saúde

  • Utilize seus conhecimentos para promover o melhor cuidado e experiência aos pacientes;
  • Informe seus pacientes e familiares sobre as indicações, riscos e resultados esperados do tratamento;
  • Antecipe e identifique as necessidades do paciente;
  • Atenda com prontidão, agilidade e atenção aos detalhes;
  • Compartilhe suas dúvidas, ouça seus pares, peça uma segunda opinião e seja proativo;
  • Adote um comportamento humano, humilde e empático;
  • Torne a assistência à saúde segura. Pare para: ouvir os pacientes, falar e agir por eles.

(Fonte: Fernanda Paulino Fernandes, gerente de Qualidade e Segurança do Hospital Israelita Albert Einstein)

(Fonte: Agência Einstein)

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