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Doença Hipertensiva da Gravidez é a principal causa de morte materna no Brasil

Risco é maior na primeira gravidez e nos extremos de idade

03/05/2021 14h16 Atualizado há 2 anos

Alexandre Raith, da Agência Einstein

Dados do Boletim Epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde em maio de 2020 mostram que a hipertensão foi a principal causa direta de morte materna dos óbitos ocorridos entre 1996 e 2018, seguida de hemorragia, infecção puerperal e aborto.

A morte materna é o óbito de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o seu término, independentemente da duração ou da localização da gravidez.

O mesmo levantamento indica elevados patamares contabilizados no Brasil. Em 2018, o país registrou 59,1 óbitos de gestantes para cada 100 mil nascidos vivos, bem acima da meta firmada com a Organização das Nações Unidas (ONU), que em 2015 era de 35 mortes.

As alterações hipertensivas da gestação estão associadas a complicações graves tanto para a mãe quanto para o feto, pois quando a pressão está alta provoca um esforço maior do coração para que o sangue seja distribuído corretamente pelo corpo. Por isso, é de extrema importância que a gestante faça a aferição dos níveis pressóricos a cada consulta médica.

A Doença Hipertensiva da Gravidez (DHEG) é definida pelo aumento da pressão arterial (igual ou maior que 140 x 90 mmHg), após a vigésima semana, associada à lesão de algum órgão alvo, como os rins, fígado, cérebro, coração, entre outros.

O perigo da DHEG está relacionado ao fato de ser, na maioria das vezes, assintomática. “Apenas apresenta sintomas em casos graves, como cefaleia occipital, efeitos gástricos ou alterações da visão em casos de iminência de convulsões”, afirma Romulo Negrini, coordenador médico da obstetrícia do Hospital Israelita Albert Einstein.

A hipertensão na gravidez também pode provocar sangramentos em mucosas e icterícia em lesões avançadas do fígado, bem como dor na parte superior do abdome, quando o fígado está na iminência de romper, segundo Negrini.

A DHEG é mais comum nos extremos de idade e na primeira gravidez. O risco é 2,9 vezes maior em pessoas com histórico familiar, entretanto, ainda não se comprovou causa genética.  As causas também seguem indefinidas.

“O que se acredita é que uma rejeição imunológica da mãe a alguns antígenos presentes no concepto dificulte a adequada invasão da placenta no útero e consequente aumento de substâncias responsáveis pela elevação da pressão arterial”, explica o coordenador médico da obstetrícia do Hospital Israelita Albert Einstein.

Como consequência, a DHEG representa graves riscos para a vida da gestante e do feto. No caso materno, pode provocar convulsões, insuficiência renal, acidente vascular cerebral, anemia, insuficiência cardíaca e sangramentos. Com isso, o perigo se estende ao bebê, que passa a receber sangue em menor quantidade pela placenta mal inserida, podendo até ir a óbito por falta desses nutrientes.

Em casos raros, a placenta se descola, o que gera consumo intenso de plaquetas e fatores de coagulação, além de impedir o envio de oxigênio ao feto. “O parto deve ser imediato. A mortalidade do bebê é maior que 50%, bem como há risco de sangramento materno intenso, sendo a prematuridade outra consequência”, alerta Negrini.

Para retardar o nascimento e evitar os efeitos da prematuridade, é possível manter a gestação até fases mais avançadas com uso de anti-hipertensivos. O controle deve ser mantido até 42 dias após o parto, pois as substâncias liberadas na placenta e que elevam a pressão arterial demoram a serem metabolizadas.

(Fonte: Agência Einstein)

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