
Dengue avança no Sul do país e escancara impacto das mudanças climáticas
Com surtos em regiões historicamente protegidas pelo frio, Brasil enfrenta novos desafios no combate à doença, agravados por desigualdades sociais e crise climática
Por Marília Marasciulo, da Agência Einstein
O Rio Grande do Sul virou um retrato invertido da dengue no Brasil. Se antes o frio mantinha o Aedes aegypti sob controle, agora o mosquito que transmite o vírus causador da doença encontrou um clima favorável para se espalhar pelo estado. A doença não para de avançar: até o último dia 8 de maio, foram 15.643 casos confirmados e oito mortes.
A epidemia atual, embora ainda menor que a do ano passado, cresce rápido: a taxa de transmissão já passa de 2,08, e 474 municípios gaúchos estão infestados de mosquitos, dois a mais que em 2024. Na prática, isso significa que o vírus cresce num ritmo de expansão semelhante ao registrado nos primeiros meses da pandemia de Covid-19, em 2020. Para especialistas, o recado é claro: mudanças climáticas, desigualdade urbana e falhas estruturais estão redesenhando o mapa da dengue — e o Sul entrou de vez na rota.