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Incêndio Florestal

Como as mudanças climáticas afetam sua saúde

Principal tema de discussões nas últimas semanas, as mudanças climáticas prejudicam também a saúde. Documento da Organização Mundial de Saúde revela que a poluição causa 7 milhões de mortes prematuras no mundo. No Brasil, o efeito das queimadas para a população do norte do país pode ser pior do que o ar sujo de São Paulo

26/09/2019 12h25 Atualizado há 4 anos

Por Fábio de Oliveira, da Agência Einstein

A Cúpula de Ação Climática das Nações Unidas, que aconteceu no início desta semana em Nova York, reuniu representantes de governos e líderes do setor privado de diversos cantos do mundo. No saldo geral, 77 países se comprometeram a cortar as emissões de gases do efeito estufa a zero, ao passo que 70 anunciaram que vão impulsionar seus planos nesse sentido até 2020 ou já começaram esse processo. O tema saúde, é claro, figurou na agenda do encontro. Uma nova Iniciativa de Ar Seguro foi divulgada, convocando governos nos níveis nacional, regional, estadual e municipal para se empenharem em alcançar a meta de qualidade de ar seguro, além de aliar suas políticas de contenção das mudanças climáticas e da poluição do ar até 2030. Nesse caso, eles teriam o apoio de instituições financeiras e fundos.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano a poluição causa 7 milhões de mortes prematuras. Além disso, custa à economia global US$ 5,11 trilhões despendidos em gastos com cuidados de saúde, sem falar no óbito de 600 mil crianças. Nos países com as maiores emissões de gás do efeito estufa, estima-se que os impactos na área de saúde/bem-estar provocados pela poluição do ar consumam mais do que 4% do PIB. No Brasil, o aumento das queimadas na Amazônia em agosto – 30 mil focos, 196% maior em relação ao mesmo mês no ano passado – gerou entreveros diplomáticos e colocou o meio ambiente na ordem do dia.

No quesito saúde, esse crescimento das queimadas também deveria chamar a atenção. “A poluição proveniente delas é pior do que a dos dias de qualidade do ar muito ruim em São Paulo”, explica o pesquisador Christovam Barcellos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Durante a época de fogaréu na mata, Porto Velho, capital de Rondônia, chega a ter seu aeroporto fechado por falta de visibilidade – cerca de 70% da área florestal do estado já foi abaixo. Nesses dias, a fumaça torna a cidade do norte do País mais nefasta para os pulmões do que a metrópole paulista. Micropartículas presentes nessa fumaça chegam às estruturas do sistema respiratório e podem causar bronquite, asma e até câncer de pulmão. Alergias oculares são outra consequência do problema.

Fora o desmatamento, o aumento da temperatura noturna é mais um fator preocupante para a saúde. Isso porque o calor acelera o metabolismo do Aedes aegypti, o mosquito transmissor do vírus da dengue e da febre amarela. “Entre 20 e 30 graus, ele começa a se reproduzir”, explica Barcellos. Segundo ele, não à toa o Aedes tem aparecido em regiões onde antes não era tão presente, como nos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, que registraram casos de febre amarela em macacos, os principais hospedeiros do vírus da enfermidade. A facilidade de deslocamento das pessoas também tem contribuído para essa expansão.

O aumento dos períodos de estiagem e as chuvas mais intensas são outro sinal amarelo. Na época das secas, muita gente recorre aos poços artesianos ou a fontes de água que não têm a qualidade assegurada. Com o aguaceiro, há o risco de enchentes com maior frequência e, com elas, o transporte de esgoto e outras substâncias, além da contaminação do lençol freático. O meio ambiente merece atenção.

 (Fonte: Agência Einstein)

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