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Brasil vai ganhar novo remédio para tuberculose

O medicamento para a forma latente da doença, que acomete 30 mil brasileiros, deve ser oferecido a partir do ano que vem

17/12/2019 09h40 Atualizado há 4 anos

Por Fábio de Oliveira, da Agência Einstein

A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que um quarto da população do planeta tenha a tuberculose latente, quando a bactéria Mycobacterium tuberculosis, que causa a doença, encontra-se, por assim dizer, adormecida no organismo. Em outras palavras, não há sintomas do mal, como febre e tosse prolongada. O indivíduo também não contamina os demais – a transmissão do bacilo de Kock, outro nome do micro-organismo, se dá pelo ar via tosse ou espirro. Quando se inala a bactéria, ela pode se instalar nos pulmões e começar a se multiplicar, provocando uma infecção.

Estima-se que existam 30 mil pessoas com tuberculose latente no Brasil. O problema pode se tornar ativo, sobretudo quando as defesas do corpo estão em baixa. Essa situação é mais frequente em enfermidades como HIV/aids ou se há algum tipo de imunossupressão, caso dos pacientes transplantados. Para ter ideia, indivíduos que vivem com o HIV têm cerca de 25 vezes mais risco de desenvolverem tuberculose ativa em comparação com quem não tem o vírus. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos, sem tratamento um em cada dez pacientes com tuberculose latente vai desenvolver a forma ativa da doença. A boa notícia é que, a partir do ano que vem, o governo federal deve oferecer um novo medicamento para essa forma de tuberculose.

Trata-se da rifapentina. “Sua vantagem é que seu esquema de administração é mais curto”, diz o infectologista Luís Fernando Aranha, professor da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein. O remédio é usado por 3 meses, em 12 doses, o equivalente a um comprimido por semana. A opção medicamentosa disponível hoje, a isoniazida, é dada em 180 doses em seis meses ou 270 doses em nove meses. Além de imunodeprimidos, quem teve contato com pacientes com tuberculose também precisa se tratar para evitar a doença sintomática, diz Aranha.

De acordo com informações do Ministério da Saúde, a oferta de rifapentina será possível graças à Unitaid. A instituição internacional, que é parceira da OMS na busca por soluções inovadoras na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, conseguiu negociar uma redução de 70% no preço do tratamento, passando de US$ 45 para US$ 15.

Ainda segundo o ministério, o oferecimento do remédio pelo Sistema Único de Saúde (SUS) será analisado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), que assessora a pasta na decisão de incorporar novas tecnologias na rede pública. Agora, a viabilidade financeira está assegurada para a oferta do medicamento às pessoas com tuberculose latente. A economia deve ser de cerca de US$ 900 mil, considerando a compra do medicamento para tratar 30 mil pessoas no país.

A negociação para essa queda do preço foi conduzida pela Unitaid em conjunto com o Fundo Global (de Combate à AIDS, Tuberculose e Malária) e a empresa farmacêutica Sanofi. Com a redução, a expectativa é de que cerca de 100 países tenham condições de disponibilizar o medicamento, além de ajudar a baixar a ocorrência da tuberculose.

Os sintomas da tuberculose

Em 2018, segundo o Ministério da Saúde, foram diagnosticados 75.717 casos novos de tuberculose ativa ou 36,2 casos para cada 100 mil habitantes no Brasil. Abaixo, os principais sintomas:

Dor no peito e, às vezes, ao respirar

Tosse que dura três semanas ou mais

Tossir sangue ou escarro

Fadiga

Perda de apetite

Perda de peso

Calafrios

Febre

Suor noturno

Catarro

Inchaço dos gânglios

(Fonte: Agência Einstein)

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