Ampliação da mamografia no SUS esbarra em desafios geográficos e de acesso
Norma do Ministério da Saúde atende reivindicação histórica das sociedades médicas, mas especialistas alertam que a mudança só terá impacto com reorganização sistêmica
Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein
A ampliação do acesso à mamografia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para mulheres a partir dos 40 anos, anunciada em setembro pelo Ministério da Saúde, foi celebrada por sociedades médicas que há anos reivindicavam a mudança. Contudo, embora represente um avanço, o anúncio reacende uma discussão importante sobre como transformar essa diretriz em acesso real, especialmente em um sistema que já enfrenta dificuldades para atender integralmente a faixa etária originalmente recomendada, de 50 a 69 anos.
A discrepância entre a antiga recomendação brasileira e a orientação das sociedades médicas foi durante anos um ponto de discussão. “Todas as sociedades relacionadas ao rastreamento do câncer de mama já recomendam que ele se inicie aos 40 anos, e que seja realizado anualmente”, afirma a mastologista Danielle Martin Matsumoto, do Einstein Hospital Israelita. A última diretriz nacional, de 2015, previa rastreamento apenas dos 50 aos 69 anos, com intervalo de dois anos entre os exames.