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Alimentos ultraprocessados prejudicam a memória dos idosos, aponta estudo preliminar

Estudo com animais analisou impacto cognitivo de dieta rica em açúcar e gordura.

06/09/2022 08h00 Atualizado há 235 dias

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

Não bastassem os efeitos negativos e já conhecidos do consumo de alimentos ultraprocessados, um novo estudo sugere que eles podem também afetar a memória dos idosos. Os dados são de uma pesquisa feita com cobaias, ainda preliminar, realizada por pesquisadores da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos.

Segundo os autores, apesar de os resultados do ensaio serem iniciais e precisarem de aprofundamento científico, eles já acendem um novo alerta a respeito dos alimentos ultraprocessados. Para avaliar o impacto desse tipo de consumo no cérebro, os pesquisadores alimentaram grupos de animais jovens e idosos com uma dieta normal e, outros, com uma rica em carboidratos refinados, como açúcar, e gordura.

Depois, os cientistas compararam o desempenho dos grupos em testes de comportamento. Resultado: as cobaias mais velhas que receberam comida ultraprocessada se saíram pior em tarefas que avaliavam a memória e, também, nos níveis de substâncias que apontavam inflamação no cérebro.

“Os efeitos do consumo dos ultraprocessados em relação à obesidade e às doenças cardiovasculares e metabólicas, como diabetes, são bem documentados. Mas ainda não temos tantos estudos sobre prejuízos cognitivos”, diz o nutrólogo Diogo Toledo, coordenador do Departamento de Terapia Nutricional do Hospital Israelita Albert Einstein.

“Esses dados reforçam a importância do cuidado integrado para atuar no nível preventivo e evitar problemas de saúde.”, complementa o especialista. No estudo, os autores também constataram que a suplementação com ômega-3 conseguiu atenuar alguns prejuízos causados pela alimentação ruim.

“De fato, sabe-se que essa substância [ômega-3] tem ação anti-inflamatória e está relacionada a benefícios cognitivos”, diz Toledo. “Mas a suplementação só deve ser feita sob orientação profissional após avaliação de cada caso”, alerta.

O nutrólogo explica, ainda, que a ingestão de cápsulas de ômega-3 isoladamente não basta para compensar os danos de uma dieta ruim. Uma boa alimentação deve fazer parte de uma rotina saudável, e alimentos nocivos devem ser exceção.

Os ultraprocessados são aqueles alimentos que passaram por uma grande transformação na indústria e recebem aditivos como corantes, conservantes e flavorizantes capazes de mudar cor, textura, sabor e aroma. Trata-se de itens como pratos prontos, bolachas, embutidos, refrigerantes entre muitos outros. O consumo deles deveria ser mínimo, ou quase nulo. A maior parte da nossa dieta deveria se basear em alimentos in natura – aqueles de origem vegetal ou animal praticamente sem alteração, como frutas, verduras, carnes e ovos – ou minimamente processados.

Fonte: Agência Einstein

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