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Alimentos ultraprocessados podem acelerar declínio cognitivo 

Dieta contendo mais de 20% desses itens afeta a capacidade mental de jovens adultos, revela pesquisa inédita da Universidade de São Paulo.

11/05/2023 08h00 Atualizado há 353 dias

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

O consumo excessivo de alimentos ultraprocessados pode levar à perda cognitiva, mostra uma pesquisa inédita feita pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O estudo revela que esses itens causam um declínio mental mais precoce e mais rápido. O novo achado se soma a uma longa lista de danos à saúde bem conhecidos, como aumento do risco cardiovascular, hipertensão, obesidade, diabetes, entre outros.

Para investigar essa associação, os autores acompanharam mais de 10 mil voluntários com idades entre 35 e 74 anos ao longo de oito anos. Durante esse período, eles foram submetidos a testes para avaliar funções como memória, fluência verbal e funções executivas – aquelas que envolvem atenção, capacidade de planejar e de executar tarefas. A evolução da cognição foi associada com dados de inquéritos alimentares. Ao final, os que consumiam pelo menos 20% das calorias diárias em alimentos ultraprocessados tiveram um declínio 28% mais rápido na função cognitiva global e 25% mais rápido na função executiva.

“Notamos que uma quantidade baixa de ultraprocessados já causou efeitos na cognição e o mais chamativo é que esse prejuízo foi mais observado nos adultos jovens, na faixa de 35 a 59 anos”, diz a bióloga e epidemiologista Natália Gomes Gonçalves, uma das autoras do trabalho. “Nessa idade estamos no pico das funções cognitivas. Observar esse prejuízo nessas pessoas é bem preocupante”, comenta. A especialista explica que a capacidade cognitiva é uma das chaves para o envelhecimento saudável.

Eixo intestino-cérebro

Uma das hipóteses para explicar o dano seria o chamado eixo intestino-cérebro. Cada vez mais se sabe que os alimentos ingeridos influenciam as bactérias intestinais, podendo liberar marcadores inflamatórios capazes de afetar o funcionamento do sistema nervoso central. Além disso, suspeita-se de efeitos vasculares, com microlesões nas regiões do cérebro associadas a essas funções.

Os alimentos ultraprocessados são aqueles que passaram por uma grande transformação na indústria, como cereais matinais, embutidos, bolachas, pratos prontos, refrigerantes, entre muitos outros. Eles possuem altas doses de aditivos como corantes, conservantes e flavorizantes capazes de mudar cor, textura, sabor e aroma. Recentemente, uma pesquisa da UFMG apontou que esses itens representam 28% do que os adolescentes brasileiros ingerem.

Fonte: Agência Einstein

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