Exercitar a criatividade pode atrasar o envelhecimento cerebral, diz estudo
Pesquisa internacional com mais de 1.200 participantes associa atividades criativas, como dança, pintura e jogos, a um cérebro até sete anos mais jovem
Por Bruno Pereira, da Agência Einstein
Ter experiências criativas, como dançar e pintar, pode desacelerar o envelhecimento cerebral. É o que aponta um estudo internacional sobre os impactos da criatividade na mente humana que reuniu dados de mais de 1.200 participantes de 13 países, incluindo do Brasil. Publicada na revista Nature Communications em outubro, a pesquisa revela que quem se desafia mais em atividades lúdicas pode manter o cérebro até sete anos mais jovem do que era esperado para a idade.
Essa foi a conclusão dos autores, após observarem maior conectividade em pessoas que têm um hobby criativo, particularmente em áreas cerebrais relacionadas a expertise e experiências criativas em regiões do órgão vulneráveis ao envelhecimento. “Foi verificada a diferença entre o que é esperado do funcionamento do cérebro para a idade e o que se apresentava de fato nas pessoas que tinham atividades criativas”, explica a neurocientista Elisa Harumi Kozasa, pesquisadora do Instituto do Cérebro do Einstein Hospital Israelita. “Revelou-se que quanto maior fosse o nível de especialização e desempenho dos voluntários em atividades criativas, mais jovem era o cérebro, especialmente nas regiões frontoparietais, ligadas a atenção e criatividade.”
A investigação incluiu experts em diferentes atividades e, posteriormente, destacou aquelas que aparentemente trouxeram mais benefícios em atrasar o “relógio” do envelhecimento. A pesquisa indica que o cérebro de dançarinos de tango, por exemplo, aparentava ser mais de sete anos mais jovem. Já o órgão de músicos e artistas tinha entre cinco e seis anos a menos do que sua idade cronológica.
O tango, dança típica da Argentina, é um exemplo de atividade que une criatividade e movimento. “Nos últimos anos, várias pesquisas estão sendo desenvolvidas sobre benefícios da dança como uma atividade dupla, ao mesmo tempo que é um bom exercício aeróbico, estimula desenvolver diferentes coreografias. É diferente da musculação, que não exige a criatividade”, observa Kosaza.