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Pai negro segura bebê no colo enquanto passa pasta de amendoim em pão

Oferecer amendoim na introdução alimentar reduz o risco de alergia?

Estudo mostra que a inclusão do alimento no cardápio, já no primeiro ano de vida, seria uma estratégia para prevenir reações alérgicas no futuro

10/07/2024 08h00 Atualizado há 296 dias

Por Regina Célia Pereira, da Agência Einstein

Se há alguns anos se acreditava que a introdução precoce de alimentos considerados alergênicos era um fator de risco, agora pesquisas vêm mostrando que, pelo contrário, a medida ajudaria a afastar o problema. Entre os principais ingredientes por trás de reações alérgicas estão o leite de vaca, o ovo, a soja, o trigo, as castanhas e nozes, os peixes e os frutos do mar. O amendoim também ocupa lugar de destaque e foi o escolhido para um estudo, publicado no periódico científico The New England Journal of Medicine.  

O trabalho mostrou que o consumo desse alimento já nos primeiros meses de vida está relacionado a uma maior tolerância e ajudaria a prevenir reações alérgicas a ele em longo prazo. Para chegar a essa conclusão, os estudiosos avaliaram dados de 508 participantes, acompanhados desde bebês. Eles foram divididos em grupos, sendo que um recebeu amendoim bem antes do primeiro aniversário e o outro não consumiu o alimento nesse período. 

Após 12 anos, constatou-se uma frequência menor de alergia entre aqueles que experimentaram o amendoim precocemente. Para os que tiveram o contato postergado, observou-se uma maior prevalência da condição. “Outros trabalhos também apontam essa relação, inclusive algumas novas diretrizes recomendam a introdução de alimentos com potencial alergênico já entre 4 e 6 meses”, comenta o pediatra e alergista Victor Nudelman, do Hospital Israelita Albert Einstein. A exceção seria o leite de vaca integral, que só deve ser oferecido após 1 ano de idade.  

No Brasil, no entanto, a recomendação é a de aleitamento materno exclusivo até os 6 meses e só depois começar a introdução alimentar. Por isso, nada de oferecer alimentos ao seu bebê por conta própria — é fundamental buscar a orientação do pediatra que acompanha a criança antes de qualquer atitude.  

Até porque há muita confusão em torno das alergias alimentares, que muitas vezes são confundidas com intolerância. “A alergia é uma resposta diferenciada do sistema imunológico frente a proteínas presentes em alguns alimentos”, explica o médico. 

Quem é geneticamente predisposto reconhece alguns componentes proteicos como corpos estranhos, o que acarreta a produção de uma série de mediadores inflamatórios responsáveis por reações exacerbadas. Os principais mecanismos imunológicos incluem imunoglobulinas específicas do tipo E (IgE), que disparam sintomas como inchaços nos olhos e na boca, além de vômitos e diarreia, entre outros. 

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