
Você já ouviu falar de mobilização precoce?
São exercícios fisioterapêuticos a quais são submetidas pessoas internadas em um hospital. Entenda sua importância para a recuperação do paciente
Por Fábio de Oliveira, da Agência Einstein
Dados de diversas pesquisas indicam que 60% da fraqueza muscular que acomete quem fica hospitalizado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) se deve ao tempo de internação. Esse tipo de problema pode vir à tona devido à falta de movimentação no leito, o que, além dos músculos, muitas vezes afeta o pulmão e até a pele. Daí a necessidade de recorrer ao auxílio do fisioterapeuta. Para esses casos, o profissional uma um recurso terapêutico chamado de mobilização precoce. Seu uso tem sido mais difundido em UTIs desde o final dos anos 2.000. Saiba mais:
- O que é mobilização precoce?
Trata-se de intervenções de exercícios realizadas nos pacientes o quanto antes durante o período de internação. Esses exercícios podem ser colocados em prática com ou sem a colaboração do paciente, tanto no leito como fora dele, dependendo da sua condição clínica.
- Quais são os benefícios que ela traz para pacientes internados na UTI?
A mobilização precoce previne ou minimiza a perda de força muscular periférica e respiratória. Ela também mantém ou melhora a funcionalidade da pessoa. Traz ganho de qualidade de vida. Reduz o tempo de internação na UTI e no hospital, o tempo de ventilação mecânica (quando se respira com a ajuda de um aparelho). Diminui também os dias de delirium (estado de confusão mental).
- Que tipo de exercícios são empregados?
- Passivo (paciente não colabora com a atividade) – pode ser através de:
- movimentação passiva do fisioterapeuta no paciente com o objetivo de manter amplitude de movimento nas articulações, minimizar encurtamento muscular e melhorar a irrigação sanguínea local
- uso de bicicleta adaptada no leito – o aparelho realiza o movimento no paciente. Dessa forma, preserva-se a amplitude de movimento e minimiza-se a perda de força muscular.
- eletroestimulação neuromuscular – um aparelho emite estímulo para que o músculo se contraia, reduzindo a perda de força muscular.
- Ativo-assistido – aqui o fisioterapeuta auxilia o paciente durante o exercício, porque ele não consegue fazer sozinho:
- Pode dar suporte à pessoa por meio de apoio manual
- Associa a eletroestimulação neuromuscular – paciente percebe o estímulo enviado pelo aparelho e realiza a contração ao mesmo tempo (isso promove maior efetividade da contração muscular)
- Caminhada (com auxílio de aparelho para reduzir a sobrecarga na perna)
- Ativo (paciente realiza o exercício sozinho)
- Movimento do corpo todo realizado pelo indivíduo durante os exercícios
- Bicicleta adaptada no leito para as pernas ou sentado para os braços – a pessoa faz todo o exercício sem ajuda do terapeuta ou do aparelho
- Caminhada sem auxílio
- Resistido (o exercício é realizado contra um peso para que o paciente ganhe ou mantenha a força muscular)
- Uso de peso, halter, bola, bastão
- Bicicleta com carga para exigir maior esforço muscular
- Os exercícios seguem uma progressão?
Os exercícios são definidos baseados em uma avaliação de força muscular e funcionalidade do paciente, assim como do seu quadro clínico para exigir o nível mais alto de atividade e não o subestimar. A partir desse ponto inicial, existe uma programação para que a atividade vá progredindo ao longo da internação. A pessoa é avaliada diariamente para que ocorra o avanço dos exercícios.
Fonte: Raquel Afonso Caserta, coordenadora de fisioterapia do departamento de pacientes graves da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein
(fonte: Agência Einstein)